As Noventa e
Nove
[Mt. 18: 12]
O que vocês acham? Se um homem tem cem ovelhas, e uma delas se perde, será que
ele não vai deixar as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se
perdeu?
Confie em
Javé, seu Deus, e estarão seguros. Confiem nos profetas dele; e tudo dará certo
(2Cr. 20:20b).
Nos tempos de
Jesus se deixava noventa e nove ovelhas obedientes para se ir à busca de uma [negra]
que se havia perdido [v.12].
Hoje a triste
rotina do pastor é tentar remir o grupo das noventa e nove que salpicadas pelos
desejos do mundo onde algumas escarneceram a fé enquanto outras se
despersuadiram. O efeito é pífio, como de quem cata papel na ventania.
Papeis
trocado: a que se havia perdido e encontrada, tornou-se como vidraça
apedrejadas em meio do rebanho. A traquina ovelha negra do passado - que, pois
a perder grande parte do rebanho, é a santa ovelha reconciliada do presente.
Essa
realidade foi acentuada a partir da neoplasma da “religião da prosperidade” que
pegou um gancho no movimento pentecostal concebendo uma geração de “filhos da
fé” sem fé, engrossado o “grupo das noventa e nove”.
Todos os dias
são contados mais e mais “ovelhas”; cerca de 35 milhões se dizem “crentes” no
Brasil sem que, em seu novo nascimento, conste fundamento do nome do Salvador
Jesus. São filhos sem designo, afligidos pelo “poder da falsa prosperidade”
malograda numa esperança que mais invoca seus direitos do que deveres tornam-se
apedrejadores das ovelhas do aprisco de Jesus.
São vidas
deparando-se sem valores espirituais: “conversões” motivadas em “igrejas
fugazes”. Decisões esporádicas, advindo de relação afetivo-pessoal fragilizadas
em família, endividamento, desemprego, nível educacional baixo e da realidade
do novo costume religioso da “prosperidade” gerando perspectivas nas “campanhas
santas” que visam exclusivamente arrecadação financeira.
Hoje o
“crente” é tão ou mais desacreditado quanto o seu pastor espiritual. No máximo,
equivalem-se por estarem no mesmo barco em plena tempestade: Um não faz, o
outro impõe; um não ouve, o outro não sabe mais como enunciar; um não consegue
ver à frente, o outro olha muito a trás; um faz tudo errado ou torce pras
coisas piorarem, o outro nem sabe direito por que tanta aversão; um está
paralisado, o outro indignado; um é a favor, o outro é contra. Em comum, a terapia
da oração comunitária de súplica, que de arrependimento não se faz a menor
idéia.
A crença
correta nos dogmas de Jesus é como um espelho e nele a sabedoria se dispõe a
mostrar as riquezas do infinito interior e transborda de paz aquele que o
descobriu. De outra forma provoca o subterfúgio, e este aguça o sentido do medo
gerando uma caçada feroz; de forma que se, se o descrido disfarçar de lebre
encontrará um cachorro; se em peixe, esbarrará em uma lontra; se em pássaro,
virá um falcão; se num simples grão de areia, virar uma galinha e o comerá.
O verdadeiro
crente não foge. É, seguidor de Jesus Cristo. É, alguém que fez uma opção (2Tm.
2:4), participa do viver lastimoso temporário do evangelho, mas também da
vitória que ele traz na salvação gloriosa.
Luiz Clédio Monteiro
Fundador da Rede Social Cristã
Blog [Doutrina Cristã]: www.cledio.blogspot.com
Publicado por mim originalmente em 2007
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