QUANDO SOU EU; QUANDO É VOCÊ.
Uma coisa é você pecar; a outra é você ver a pessoa pecando.

Quando eu erro ou permaneço em um deslize, imagino mil saídas: Ah, digo: tenho muitos anos de vida, ainda tenho tempo de mudar. Tenho dinheiro posso pagar para arrumar isso. Tenho Deus e os amigos que podem me ajudar a contorna o problema. Tenho saúde para aguentar. Enfim o que é esse pecadinho que eu não possa controlar com minhas próprias forças? Eu sei o que estou fazendo – então parecendo que tudo está sobre controle.

Mas quando vejo você, a pessoa que eu amo; abatido descendo de ladeira abaixo, dominado por seus vícios, bate um desespero enorme, pois acha que você não vai conseguir se recuperar. Você não é eu! Não vai saber encontrar a saída sozinho. Fico apavorado tentando ajudar a todo custo, de toda forma; e, mais atrapalho do que ajudo.

Aí me pergunto: por que não posso confiar, que você assim como eu, não possa resolver tudo e recuperar sua vida? Mas a ansiedade da incerteza impulsionada pelo sofrimento e culpa que me sufoca, leva-me a uma desconfiança sem fim... Mil questões me vem à cabeça – será que você vai agir bem, voltará a andar com a cabeça erguida? mas, e se você não conseguir, e se esse pecado que está junto à porta como fera acuada, espreitando você não for vencido? Por acaso, será que você pode dominá-la? [Gn. 4: 7-8].

O relacionamento entre o que eu faço e o que você faz é o oposto daquilo que se espera sobre confiança entre os homens: a fraternidade, em que cada um é protetor da pessoa que ama, introduz a rivalidade e a competição nos resultados onde: eu consigo; você não consegue. Acho que é daí que vem a máxima popular que diz – Faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço.  A preocupação é grande.

Nesse relacionamento a fraternidade é assolada e, em vez de proteger, o homem fere e mata o seu amado. Portanto, logo na primeira vez que o fracasso aparecer no contexto social, aplique a confiança de que ele pode, assim como você pôde.

Saiba que a civilização nasceu de Caim, porque Deus confiou nele [mesmo culpado da morte do irmão por inveja], Deus acreditou que ele poderia se recuperar e esperou com paciência pelo livre-arbítrio. E deu certo. Embora tenha sido gerado uma sociedade fundada na hostilidade e na competição, acaso não surgiu dali o homem bom, religioso, que busca reunir novamente aquilo que o homem auto-suficiente divide e separa?

E, o Dimas, o ladrão, não encontrou forças para mudar sua vida? Sempre há tempo. No momento em que tudo parecia perdido, do meio da execução de sua pena de morte, já nas ultimas horas, ainda assim ele acreditou que dava para mudar; alguma coisa dizia que ele não estava sozinho naquela cruz e creu. Confessou a Jesus suas falhas, não desistindo de desejar ser lembrado, pediu que não fosse jogado ao esquecimento. [Lc. 23: 42-43] – E acrescentou: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres em teu Reino.” Jesus respondeu: “Eu lhe garanto: hoje mesmo você estará comigo no Paraíso.”    

Podemos está vencido, entre os derrotados, nos tornado curiosidade do povo e caçoada dos orgulhosos, mas se dentro de nós ainda viver a palavra de ordem que conhece a gravidade e as consequências do próprio erro, e que indica a causa da crítica – proclamaremos para todos a chegada da nova vida.

A pior coisa da vida é o medo de ser esquecido. Portanto, se não desistirmos de tentar mudar, seremos sempre lembrado no meio dos bons amigos.

[Por: Luiz Clédio Monteiro – mar/2018]


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