PARTICIPANDO DO MOMENTO PRESENTE DOS SANTOS

Imediatamente mandei chamá-lo, e foi bom você vir. Agora, portanto, estamos todos aqui, na presença de Deus, prontos para ouvir o que o Senhor o encarregou de nos dizer. (At. 10:33)

Os santos (crentes) ficam muito tempo na fronteira com o mundo pagão. Vivem o dia-a-dia com a incredulidade dos rebeldes e são salpicados pelas espertezas de Satanás a cada momento.

O ato de oração; o culto familiar; a vida operária; o desejo de aprender a Palavra, é compartilhado com uma carga dramática extra de anátemas horrendas de origem sobrenatural com consequências às vezes nefasto. Sua audição espiritual precisa de momento de pureza onde a sintonia não possa sofrer interferência infernal. A performance mental precisa de um momento de avaliação. Nada mas justo do que o fazer na presença de Deus ou atravessadamente pelo pastor da sua igreja (Ez. 12:2).

A principio espera-se encontrar um dia livre, mas o certo mesmo é recrutar um tempo e deixar tudo de lado por um momento e comparecer ao gabinete do pastor na hora combinada. Muitos santos não fazem isto há muito tempo. Apesar da familiaridade aparente e os apertos de mão aos domingos com o pastor não quer dizer que tudo está esclarecido e que não precisam de um momento a sós para conservar a própria identidade. Sem essa vigilância pastoral, corre-se o risco de se tornar presa fácil de pessoas ricas, poderosas e vorazes, que não têm escrúpulos em satisfazer as próprias ambições.

Do conteúdo da entrevista se tem uma ideia do que se vai falar, mas o que se vai ouvir a respeito do ritmo cotidiano, dos sonhos arrojados, das mangas que não arregaçamos, não se sabe o que o pastor dirá. Será que ele vai lembrar daquelas ofertas e dizer – “você abundou nas obras da igreja meu filho”, será que ele vai dizer que a nossa participação nos cultos tem muito haver com o derramamento do nosso amor como oferta suave para Cristo? Quem não gostaria de ouvir tal coisa. Ser bem recebido? Mas o verdadeiro santo: nasce da esperança, cresce na obediência à Palavra e se manifesta na gratidão (Lc. 17:11-19).

Entretanto ao chegar à ocasião, no adentrar da sala do pastor, pode-se deparar com um ambiente não esperado onde uma mesa imponente (mais parecida com o abismo que separava lázaro do rico que pedia água) e nela, estacionados dezenas de livros alguns abertos, dando sinal de que a pessoa do pastor está no exato momento, ocupada preparando um daquele sermão maravilhoso que muitas das vezes dizemos ter sido feito especialmente para nós. Entre outras coisas, bandejas de entrada/saída abarrotadas de papeis, pacotes de sedex acabados de chegar e ainda por serem abertos e umas tantas outras quinquilharias, enchendo todos os espaços da mesa. A secretária do lado fazendo anotações e o pastor atendendo a um telefonema interrompido pela sua entrada, completa o panorama que pode desmotivar quem tinha um plano há algum tempo atrás e agora não sabe o que fazer. De nada adianta o homem justificar a si mesmo, pois a justificação é dom de Deus (Lc. 18:14).

Neste ínterim vem a imagem que fizera na noite anterior e nela via-se nitidamente entre eles, uma mesa limpa e sobre ela uma Bíblia aberta e nada mais, nem sequer uma caneta com uma folha de papel. A presença desimpedida do pastor era de quem estava desinteressadamente a serviço de Deus. Fitava-o nos olhos, demonstrando que aquele ambiente pastoral estava 100% preparado para uma conversa oportuna e maravilhosa que era esperada ansiosamente por três pessoas.

De outra maneira, o cenário é de quem ama suas ovelhas mas com um sentimento crônico de quem nunca tem tempo suficiente e que simplesmente não luta mais contra essas forças, mas que já glorifica as rotinas religiosas como sendo mais importante que o sacramento da disposição de está a posto como Jesus estava. Fazendo da própria vida dom para os outros (Lc.17:33).

O desmoronamento do dom espiritual, não esta no fato de estarmos acumulando tarefas diferentes, mas na forma de fazê-las fora do estilo que Deus nos deu.

Luiz Clédio Monteiro Filho
São Luiz - MA
2006-nov

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