Não percam a coragem!

A oração exprime a união íntima com Deus e com o seu plano, porque Deus pode desalienar o homem, vencendo o mal

Os discípulos de Jesus só poderão ajudar os homens a discernir a realidade (ouvir) e dizer a palavra transformadora (falar) se estiverem plenamente convictos de que Deus quer realizar uma sociedade justa.
Lembrem-se dos primeiros dias, depois que vocês foram iluminados: vocês tiveram que suportar uma grande e penosa luta, ora expostos publicamente a insultos e tribulações, ora tornando-se solidários com aqueles que assim eram tratados. De fato, vocês participaram do sofrimento dos prisioneiros e aceitaram com alegria ser despojados dos próprios bens, sabendo que possuíam bens, que são melhores e mais duráveis.
Portanto, não percam agora a coragem, para a qual está reservada uma grande recompensa.
Vocês necessitam apenas de perseverança, a fim de cumprirem a vontade de Deus, e assim alcançarem o que ele prometeu. Porque, falta apenas um pouco, e aquele que deve vir vai chegar e não tardará.
O meu justo vive pela fé; mas, se ele volta atrás, nele eu não encontro mais nenhuma satisfação. Nós, porém, não somos como aqueles que voltam atrás para se perder, mas somos homens de fé, para salvar a nossa vida (Hb. 10: 32-39).
Iluminados pelo batismo, os fiéis optaram por Cristo; por isso enfrentam muitas dificuldades, mas o momento não é de perder a coragem. O encontro com o Senhor que vem é a recompensa para todos aqueles que perseveram.
Os sofrimentos refletem a incompreensão dos fiéis face à felicidade dos maus e à infelicidade dos justos: «De nada me serve ter um coração puro e conservar inocentes as minhas mãos! Sou posto à prova a toda a hora; todas as manhãs, sou castigado... Eu, porém, Senhor, clamo por ti; de manhã a ti apresento a minha oração. Porque me rejeitas, Senhor, e escondes de mim o teu rosto?» (Salmo 73,13-14; 88,14-15).
Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos.» Jesus disse: «Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé.» (Marcos. 9: 22-23).
As curas que Jesus realiza já dão testemunho da sua vontade de assumir por amor os sofrimentos dos outros (ver Mateus 8,16-17). Mas é sobretudo a sua forma de enfrentar uma morte terrível que rompe o círculo infernal do mal.
Se «aprouve ao Senhor esmagá-lo com sofrimento» (Isaías 53:10), foi a fim de o exaltar à vista de todos, para que todos vejam nele a ação do próprio Deus.
Quem rejeita Jesus ou se revolta voluntária e livremente contra ele, exclui-se do perdão, da vida e da graça de Deus.
Doravante, o caminho que leva os homens para Deus é a pessoa de Jesus, através de sua atividade e sacrifício. No batismo, os cristãos se unem à pessoa de Jesus Cristo. E essa união se manifesta concretamente pelo testemunho ativo que transforma a sociedade e pela partilha e vida fraterna em clima de comunidade. Aliás, essa partilha é que sustenta o testemunho.
E a união com Jesus e com os irmãos manifesta a comunhão com Deus, que se completará quando formos introduzidos no descanso definitivo (Dia do Senhor).
O que faz descer Deus a terra não é qualquer proeza ou dedicação da parte dos homens, mas sim o grito que sai da sua opressão. Os gemidos dos escravos provocam um vasto processo de libertação através do qual Deus se torna presente (ver Êxodo 2,23-25).

Luiz Clédio Monteiro Filho
Compilado e adaptado
Out/2006

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