8 de dezembro

Atualmente nunca se falou tanto de família, principalmente nas igrejas. Por que se redescobriu a família? Talvez seja melhor perguntar por que abandonamos um projeto como este, provado e confiável que remonta aos primeiros dias da civilização.
Naquele tempo, quando alguém se dizia ser de família, a coisa mudava de figura: “Fulano é de família; aquela moça ali é de família”. Ninguém ousava mexer; ninguém falava mal. Havia respeito e temor.
As pessoas conheciam os parentes pelo nome, onde viviam, que tipo de coisa fazia, do que eles necessitavam e quando os necessitavam. Sabiam como queria que fossem tratados.
Conscientemente ou não, dividíamos nossos parentes em grupos de perto e de longe para nossos relacionamentos. Conscientemente ou não, os dividíamos de novo com base em suas necessidades e desejos. Dessa forma, personalizávamos o mais que podíamos.
Por que tínhamos todas essas preocupações? Porque sabíamos que ao utilizar nosso conhecimento a respeito de cada um, poderíamos ser adequado às necessidades de cada um individualmente.
Em outras palavras, usávamos nossa atenção para construir uma fidelidade de parentes. Sabíamos instintivamente que nossos parentes mais fiéis também poderiam ser nossos amigos mais protetores na falta de um pai ou de uma mãe.
Por que sabíamos disso? Primeiro porque não nos custava nada amá-los – eles já estavam ali, na nossa vida. Segundo porque sabendo o que eles queriam, não desperdiçaríamos nosso tempo tentando criar laços difíceis ou desenvolvendo amizades que eles não quisessem. Terceiro porque tínhamos certeza que cada ajuda feita a um parente criava o potencial oportuno de sermos ajudados pelo mesmo parente no futuro.
Literalmente, podíamos contar com a colaboração desse parente no planejando da meta para nossos filhos.
Dessa forma, não estávamos buscando ajuda rápida. Olhávamos nossos parentes como uma fonte confiável em que poderíamos recorrer, ao longo de toda uma vida de amizade conosco. Outra forma de dizê-lo, desenvolvia uma relação de longo prazo com nossos parentes. Considerávamos nossos parentes como se fossem a extensão de nossas famílias – o que eles percebiam e valorizavam.
No entanto, de um dia para outro, esquecemos como praticar esse relacionamento familiar entre parentes. Em vez de amarmos de forma pessoal, passamos a lutar por novos amigos. Em vez de falarmos com os parentes de forma individual para conhecer suas necessidades, começamos a realizar pesquisas de onde encontrar amigos influentes em novas segmentações que permitissem predizer tendências e padrões mais modernos.
Não se pode discutir que alguns encontraram nisto oportunidades que lhes deram grande riqueza e trouxeram níveis de vida empresarial e de prosperidade nunca visto. Mas houve conseqüências. Como todos sabem, a competição global forçou muitas famílias a baixar seu preço de honra em curto prazo. O resultado é a diminuição da influencia patriarcal, o que pode produzir feridas profundas. Sabendo disso, famílias por todo o mundo estão lutando para evitar esta armadilha – o que não é fácil porque nada se mantém exclusivo por muito tempo. Gostemos ou não. Há alguma alternativa para esse cenário tenebroso?
(Luiz Clédio)
Dezembro2007

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