Rubem Alves - educador, escritor e colunista da “Folha de SP”. Publicou um artigo intitulado: O ALUNO PERFEITO – Resumindo, a historia era o seguinte: Havia um jovem casal muito feliz. Ela deu à luz um lindo computador! Que felicidade ter um computador como filho. Deram-lhe o nome de Memorioso, porque julgavam que uma memória perfeita é o essencial para uma boa educação. Educação é memorização. Crianças com memória perfeita vão bem na escola e não têm problemas para passar no vestibular.
E foi isso mesmo que aconteceu. Memorioso memorizava tudo que os professores ensinavam. Mas tudo mesmo. E não reclamava.
Memorioso foi o primeiro no vestibular. Na universidade, foi a mesma coisa. Só tirava dez. Chegou, finalmente, o dia tão esperado: a formatura. Memorioso foi o grande herói, elogiado pelos professores. Depois da cerimônia acadêmica foi a festa. E estavam todos felizes no jantar quando uma moça se aproximou de Memorioso e se apresentou: "Sou repórter. Posso lhe fazer uma pergunta?" "Pode fazer", disse.
Memorioso confiante. Sua memória continha todas as respostas.
Aí ela falou: "De tudo o que você memorizou qual foi aquilo que você mais amou? Que mais prazer lhe deu?”.
Memorioso ficou mudo. Os circuitos de sua memória funcionavam com a velocidade da luz procurando a resposta. Mas aquilo não lhe fora ensinado. Seu rosto ficou vermelho. Começou a suar. Sua temperatura subiu. E, de repente, seus olhos ficaram muito abertos, parados, e se ouviu um chiado estranho dentro de sua cabeça, enquanto fumaça saia por suas orelhas. Memorioso primeiro travou. Deixou de responder a estímulos. Seu disco rígido ficou irreparavelmente danificado.
Há perguntas para as quais a memória não tem respostas. É que tais respostas não se encontram na memória. Encontram-se no coração, onde mora a emoção... (Folha de SP, 24/1/07).
Isto me faz lembrar de muitas pessoas que procuraram andar no caminho do bem e praticaram tudo que era reto: socorreram vítimas, defenderam causas perdidas, fizeram ofertas numerárias, deram emprego, pagaram suas contas e até foram reconhecidos com Medalha de Bons Serviços da comunidade.
No entanto, ao chegar à hora da tribulação em suas vidas, as perseguições e outras dificuldades inclusive financeiras, viram-se impotentes, no perdão, na esperança, na fé, na paz, na confiança. Perdendo o domínio próprio, tornaram-se completamente aflitos principalmente ao verem outros muitos, antes deles, serem primeiramente socorridos pela misericórdia do Senhor.
O mundo apesar de pecador, galardoa atos de particular distinção ou ações continuadas, tidas como excepcionalmente relevantes, de que resulte prestígio para o povo. Assim sendo porque Deus que é um Ser Perfeito e Santo, não faz o mesmo?
Se um dia este desfecho vier a acontecer com você, tenha a certeza de uma coisa: aqueles últimos que foram primeiros, e que deram suas vidas igualmente como você, o fizeram, entretanto fundadas na obediência do amor a Deus por Cristo, que retribui a toda perseguição. E, não por ação extraordinária de abnegação, bravura e grande coragem moral atribuída, designadamente: a sua própria glória (Mt. 19: 16-30).
Ninguém engana a Deus - Jesus disse (Mt. 21: 31): “Pois eu garanto a vocês: os cobradores de impostos e as prostitutas vão entrar antes de vocês no Reino do Céu”.
Luiz Clédio
Mar / 2007

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