Por: Luiz Clédio Monteiro

"Ninguém deve ser elogiado pela sua bondade quando não tem forças para ser mal" — François de La Rochefoucauld.
O ódio tem sido qualificado como mal, ao ponto de se tornar um preconceito. Porém se todo e qualquer ódio é mal, então não vale poder odiar o mal? Talvez o ódio seja também uma maneira de se amar. Alguns necessitam do objeto do ódio, necessitam dele nem que seja para disfarçar. E, quem tentou derrotar o ódio foi odiado. Deus também odeia. Disse Javé, Deus de Israel – “Eu odeio o divórcio” (Ml. 2:16). Assim sendo.

Eu te odeio. Eu te odeio porque você não me abandonou quando te trair; preferindo me perdoar. Eu te odeio porque você fala verdades que não quero ouvir. Eu te odeio porque em sua presença sinto-me vexado. Eu te odeio porque eu não soube te fazer feliz, e, mesmo assim tu me recebes. Eu te odeio por me aceitar naquilo que fracassei. Eu te odeio porque me tornei um embaraço; mas pra ti, eu sou o cara. Eu te odeio porque sem você a vida é pior. Eu te odeio porque você contou comigo quando não deveria. Eu te odeio porque não sou o que você queria que eu fosse. Eu te odeio porque não tive coragem de morrer só para te fazer sofrer. Eu te odeio porque você sempre esperou o melhor de mim. Eu te odeio porque você não sofreu só por mim. Eu te odeio porque não tive coragem de te trocar por dinheiro. Eu te odeio porque vejo em ti o meu sofrimento. Eu te odeio porque tu me fazes afetivo. Eu te odeio porque estamos sempre juntos. Eu te odeio porque você ler o meu coração. Eu te odeio porque não sou igual a você. Eu te odeio por mais alguma coisa que não sei dizer, mas eu odeio te esquecer, porque me faz lembrar de te.

Odeio-me porque te odeio. Eu me odeio porque não fui capaz de ser melhor. Eu me odeio porque tu me tens quando não deveria me ter. Eu me odeio. Eu me odeio porque sendo o que sou, tu não me odeia.

Eu odeio a tua vida porque nela, todos fingem te ouvir. Eu odeio a tua história porque tudo ali lembra de mim. Eu odeio tua carne porque ela lembra o perdão. Eu odeio teus manos porque eles te desejam. Eu odeio teus seguidores porque eles não entendem nada de mim, e, nem de ti. Eu odeio teus dependentes porque eles te recusam mais do que eu te nego.

Eu odeio os que te odeiam porque me estimulam a te odiar com vigor. Eu odeio os que te odeiam porque eles me instruem a trair meu ódio. Eu odeio os que te odeiam porque eu odeio os teus oponentes. Eu odeio os que te odeiam porque só eu sei te odiar.

Eu odeio o ódio porque me faz odiar você. Eu odeio o ódio porque ele me faz insensato contigo. Eu odeio o ódio porque ele não tem motivo de odiar você. Eu ódio odiar, porque eu não amo o ódio, mas odeio não amar o ódio para ser feliz te odiando.

Eu ódio não te amar odiando. Porque tu me amas sem odiar. Que ódio não saber; não poder; não suportar; não assumir; não admitir; corresponder o teu amor sem ódio; esse ódio que me desafia a te amar sem odiar. Mas houve um tempo em que te amava; e, simplesmente não te odiava! Odeio esse tempo só porque não odeio esse tempo!

Jesus, porque tu não consegues me odiar? Assim, nós seriamos iguais!

1 Comentários

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  1. Excelente texto!Mas encaro o ódio como um mal que hoje esta até provado que leva a sérias doenças.
    Ódio para se armar é pura desculpa!
    Bjsss...milll...

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