Sinceramente, desejo a todos que conquistem alguma sabedoria antes de conquistarem algum sucesso - A primeira não se acaba.

(compilado e adaptado do blog de Maria Sanz –Estilista)

Um escalador de montanhas explicava a contradição na emoção sentida ao alcançar cume. Ele dizia que a escalada é um esporte fantástico por que quando se alcança o ápice da montanha o prazer misturado à emoção é orgástico, mas que este mesmo momento de gozo é também de perda e desolamento:
“É alguma coisa que vai assim tomando conta aos poucos, e enchendo de vazio o peito, por que um desafio alcançado é um desafio morto” - Disse ele.

Na vida real, onde os pés tocam o chão, esse fenômeno acontece em muitos momentos: desde os ordinários, de todos os dias, aos mais, digamos, glamourosos... Sentimos o fim quando o pedaço de bolo acaba, quando acaba o livro, quando acaba a dieta, quando acaba a faculdade, quando acaba a festa... (Ah, quando acaba a festa é horrível...). Toda completude traz um fim em si.

Clarice Lispector escreveu um conto, um tanto Rodriguiano, chamado “A mosca no mel” onde fala da história de Cláudia: uma mulher que vivia uma vida esplêndida e um casamento absurdamente feliz;
(...) Era uma mosca no mel - Mas a mosca se afoga no grosso caldo melado. Come, mas morre.
- Então ela pensou: ou me mato ou me desquito, por que chegamos ao ápice da vida. (...) Mais uma vez, a glória e o fim se encontraram no ápice.

Morreu por anorexia, aos 21 anos, a modelo Ana Carolina Reston. Ela, que media 1,74m e pesava 40kg, estava internada desde outubro com insuficiência renal e foi fatalmente acometida por uma infecção generalizada.
Com experiência profissional em países como Japão, China e Turquia, a linda jovem de cabelos castanhos e olhos verdes, tinha, além da carreira de modelo, o sonho de estudar engenharia naval.
Outra mosca no mel - Jovem e de beleza estonteante, seu maior desejo era ser, ainda mais, magra.
Mas veja como inclusive este padrão da moda é muito relativo: Para as modelos, ser muito alta e magra é fundamental, para os estilistas porque é funcional e prático; para as mulheres é admirável; mas para os homens em geral, é simplesmente estranho.

Este é o perigo na “Inveja de si”: ser incapaz de enxergar a vitória, e acabar por encontrar em seu lugar o abismo do vício, do exagero e da doença. Na disputa consigo a única vencedora é a auto-sabotagem.

Luiz Clédio
Abril/2007

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